sábado, 7 de janeiro de 2017

Transportes Públicos

A pedido de uma amiga, que achou que eu devia fazer um post sobre este tema asap, voltei a pegar neste blog. Pode ser que dure mais umas semanas.
O final de 2016, essa puta de ano, foi de grandes mudanças para mim. A maior de todas foi ter mudado de trabalho e ter passado de pobre a um bocado menos pobre. Ou, segundo a Segurança Social, essa puta de entidade, suficientemente abastada ao ponto de subir de escalão. Sim, Segurança Social, estou a falar de ti, que achas que 30€ por mês é um abono de família decente. Isso nem dá para pagar o vício do meu filho em gomas, pensa bem no que andas a fazer!


Eu trabalhava em Cascais e agora trabalho em Lisboa, o que originou uma grande mudança de hábitos. Ora eu, como boa pobre que sou, e poupadinha, porque prefiro gastar esse dinheiro extra em vinho (prioridades), achei por bem vir de transportes com o resto da plebe.
Acho que podemos todos concordar que os transportes públicos são a melhor fonte de inspiração do mundo. O que é que eu andei a perder estes anos todos??!!!
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Eu nem vou falar da palete de odores que lhes é característica. Isso já está mais que batido. Mentira, vou falar sim. Foda-se, mas esta gente sai da tasca directamente para o trabalho?!!!
Pronto. Eu quero é falar do tipo de pessoas que encontramos nos transportes. Eu até tenho pena de não precisar de apanhar o metro, porque imagino o conteúdo... Não tenho pena nenhuma, detesto o metro.
Aqui vão:
Tipo 1 (E é o tipo 1 porque é sempre a primeira pessoa a entrar): O ansioso. Aquela pessoa que empurra e fura só para arranjar um lugar sentado. Esta pessoa é capaz de arrancar olhos à colherada a velhotas de 130 anos para se sentar, lá atrás, à janela, sacar do telemóvel, meter os phones e sair na paragem a seguir. Pensando bem, esta pessoa sou eu.
Tipo 2: Os faladores. Estes vão sempre em grupos e, das duas uma: Ou são adolescentes que ainda não perceberam que ninguém quer saber se o Martim gosta de ti, mas tu não tens interesse nenhum nele, quando na realidade todos sabemos que estás mortinha para que ele te salte em cima (não enganas ninguém, Francisca) ouuu... são velhas. E as velhas, provavelmente porque estão a ficar surdas, falam mais alto que toda a gente. Sempre sentadinhas naqueles bancos de 4 no comboio, com os seus cabelos meio roxo azulados, cumprimentam-se com uma espécie de guinchar “Ooohhhhhh tá boa?! Como está da anca? Hoje está mesmo frio, mas ao menos não chove! O vento é que é o pior!” Eu apanho sempre as mesmas 4 velhas e as conversas...Jesus. Já sei das infecções urinárias, das artroses e do que o dentista arrancou dos dentes de uma delas na consulta passada.
Tipo 3: Os perverts. Eu nem me quero alongar muito neste assunto, mas sim, há homens que acham que, por estar tudo apertadinho no autocarro, têm carta branca para nos tentarem tocar downthere. Pá próxima vez enfio-te o chapéu de chuva no olho, seu monte de merda!
Tipo 4: Os carentes. Este é um fenómeno que eu desconhecia e me surpreende bastante. Eu tento sempre ir sozinha. Se há um banco de dois totalmente vazio, podem crer que é aí que eu me vou sentar! Acontece que há pessoas - e não são muitos, nem poucos, bastantes! (quem não percebeu a referência é um ovo podre)  que, pode até estar o autocarro quase vazio, e vêm sentar-se ao teu lado. Minha gente, qual é o vosso problema? Têm frio? Querem conversar? Comigo não vai dar, estou de phones. São tão precavidos, que deixam os 30 lugares vazios para outros passageiros que possam chegar? Pelamor de Deus! Dêem-me espaço, que eu preciso de respirar antes que tenha um ataque de pânico.
Tipo 5: Os generosos. Não há como não gostar destes. São os que cedem sempre o lugar e depois vão de pé, apertados e desconfortáveis o resto da viagem. Props pra vocês.

Tipo 6: O doente. Porra. O mínimo é pôr a mão à frente da boca quando se tosse! Tossir sem a mão à frente, ao ponto de eu sentir o ar a abanar o meu cabelo, devia ser motivo suficiente para homicídio e ainda ser ilibada do mesmo com cadastro limpo! Só consigo visualizar uma imagem hiper ampliada do ranho, cuspo e germes a saírem da boca do porco e a aterrarem no meu cabelo...matem-me já.  Eu já estou como os asiáticos e acho que devíamos andar todos de máscara.

Tipo 7: O trapalhão. Geralmente a trapalhona sou eu, que dou com a mochila em toda a gente, piso as pessoas, caio quando o autocarro arranca.. Mas apanhei o trapalhão mais amoroso de sempre. Um rapaz de vinte e tal anos, diria eu, que leva sempre o seu almoço num saquinho de papel (God, que amor). No outro dia o saco caiu sem ele perceber e era uma colherzinha no chão, e maçãs e laranjas a rebolar pelo autocarro fora. Nunca vi os meus compinchas de viagem tão unidos como nesta missão de recuperar toda a fruta do miúdo. Tudo a arrastar-se pelo chão atrás da laranja que andava para a frente e para trás, até que se apanhou tudo e um granda round of applause para nós! 
Se estás a ler isto, rapaz do saquinho, és muito querido, mas tens de ter mais cuidado com a fruta.

Tipo 8: O pior tipo de todos e numa categoria só deles – Os velhos que ainda não são velhos o suficiente para terem prioridade, mas acham que são. Esta é aquela malta que tem entre 60 e 67 anos, com aspecto relativamente saudável e robusto, mas que, mal entra no transporte, escolhe uma vítima para atormentar o resto da viagem. Cenário: Autocarro ultra cheio, eu estou carregada com mochila pesadíssima, saco com as coisas do ginásio, guarda-chuva, lancheira e, por vezes, computador. Entra uma dessas pessoas acima descritas. É tiro e queda. Olha-me nos olhos e fita-me a porra da viagem toda, numa tentativa de me fazer sentir mal por não lhe ceder o lugar. Oh meu amigo! Eu estou exausta depois de um dia de trabalho. Tu não és velho o suficiente, embora tenhas cara de acabado, e deves ter passado as últimas 5 horas no bingo a virar copos de 3. Para além disso, eu não sou a única jovem aqui. Nem a mais nova!! Eu não tenho a culpa de parecer ter 15 anos! Escolhe outra vítima! Pára de olhar para mim caralho! Já não sei para onde olhar. Olha para a janela, ele está a olhar para o reflexo. Não consigo evitar olhar para ele! Foda-se, vou fingir que estou a dormir.
Há um mítico tipo que nunca encontrei, com zero de pena, que é a malta que anda com a música em alta voz. Se calhar já se extinguiram.
Finalmente cheguei ao trabalho e acabou. Tirando o facto de que isto se vai repetir todos os dias, duas vezes por dia, ad eternum, acabou.



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