segunda-feira, 20 de outubro de 2014

The Perks of Being a Ninja



Eu tenho um filho. Andava a pensar como seria o primeiro post que escreveria sobre ele e vai ser este mesmo.
*Parece um anjinho, não é?

O miúdo tem dois anos e meio. Está na fase mais gira, mas também mais cansativa até agora. Estou separada do pai dele e o acordo é que ele passa semana sim semana não na casa de cada um. Escusado será dizer que, dois dias depois de o deixar no pai já estou a morrer de saudades. Mas, não me levem a mal meus amigos, também sabe tão bem quando o deixo lá! Parece que estava há anos à espera desse descanso. É que quando era a dividir por dois, as coisas eram mais fáceis. Agora fazer tudo sozinha cansa. A vantagem é que tenho uma semana inteirinha de mimos SÓ PARA MIM!

Continuando, eu queria era escrever sobre a hora de deitar (que acabou de acontecer). O meu filho nunca foi fácil para adormecer e, como se não bastasse, tem o terrível hábito de fazê-lo a enrolar os dedos no meu cabelo (ou seja de quem for). Estou quase careca graças a esta brincadeira.
Hoje, em particular, foi uma noite difícil. Estou adoentada, cansada e só queria o meu momento para ver o The Walking Dead (que até adiei para escrever isto antes que me esquecesse). Viu tv, deitou-se, levantou-se, deitou-se outra vez, puxou cabelos, deu pontapés, mordeu almofadas, pediu água, cuspiu água…. Afffff!

Finalmente adormeceu na caminha dele. E aqui é que entra toda uma vida de treino ninja, da qual nem nos apercebemos até termos um filho! Lembram-se quando éramos crianças e fazíamos asneira e tínhamos de esconder as provas? NINJAS. Lembram-se quando éramos adolescentes e chegávamos a casa tarde e a más horas e tínhamos de ser super stealth para não acordar os nossos pais?  NINJAS. Ora, aqui é igual para sair do quarto dele, com a diferença que, se ele acorda, é muito mais difícil convencê-lo a voltar a dormir do que era convencer a minha mãe de que eu só tinha bebido duas imperiais.

Então lá vou eu: primeiro tento “descolar-me” dele (sim, só adormece agarrado a mim) feita Tom Cruise na Missão Impossível: O corpo todo de uma vez com o mínimo de oscilação. Muito cuidado para a cama não ranger! Depois fico uns segundos em posição Matrix, toda dobrada sem mexer um músculo, para confirmar se a fase 1 resultou. Resultou. Next.

Por fim vem o pior: a saída do quarto. Se for Inverno e eu estiver de meias facilita, porque dá para deslizar dali para fora. Mas enquanto está calor e ando descalça tenho de ter o máximo de cuidado. Não dá para pôr o pé todo no chão. Nem sequer só a ponta, porque o barulho do pé a descolar do chão é o equivalente a pisar uma mina terrestre e dá-me cabo da missão. Ou seja, ou vou só de calcanhares ou com os lados dos pés. Sim isso mesmo – apoiada só nos lados dos pés. Cada passo exige uma paragem de dois segundos para confirmar se o sujeito ainda dorme. Finalmente chego à porta. O coração a bater e um pingo de suor a escorrer-me pela testa. Consegui! Agarro gentilmente no lado da porta (nunca na maçaneta por o metal faz barulho) e fecho devagarinho.
A puta range.
Ele acorda.
Faço tudo outra vez.

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